domingo, 16 de maio de 2010

Política Econômica do Governo FHC

A primeira privatização a companheirada tenta esquecer

11 de fevereiro de 2010

A privatização das empresas de telefonia começou em 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, com o leilão do Sistema Telebrás, certo? Sim, provavelmente errariam 99 a cada 100 inscritos no Enem. Sim, certamente fariam de conta 100 entre 100 militantes companheiros. O que eles hoje chamam de “privataria” teve início, quem diria, na administração municipal de Ribeirão Preto, comandada pelo prefeito Antônio Palocci. em seu primeiro mandato (1993-1996), o futuro estuprador de contas bancárias colocou à venda 49% das ações da Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto (Ceterp).

A Ceterp (que seria inteiramente privatizada na gestão seguinte, comandada pelo PSDB) era atendida por uma operadora local pertencente à prefeitura. Para conseguir aprovar a ideia proibida pelo programa do PT, Palocci aliou-se a adversários e por pouco não abandonou o partido. O prefeito alegou que só a parceria com a iniciativa privada permitiria que a empresa acompanhasse a evolução tecnológica cada vez mais acelerada. Foi esse um dos argumentos invocados por FHC. O PT acabou aceitando a alegação de Palocci. Mas nunca aceitou a mesma argumentação quando apresentada pelo governo tucano.

Os companheiros continuam inconformados com o valor atribuído a empresas privatizadas por Fernando Henrique, como a Vale. Eleito pelo PSDB, o prefeito Roberto Jábali também achou que o antecessor foi generoso demais com os compradores. ”A Ceterp foi entregue a preço de banana”, repetia Jábali, principalmente depois de ter vendido o restante das ações por R$ 200 milhões ─ quatro vezes superior ao cobrado pela primeira leva.

Até a década de 1990, os brasileiros esperavam de dois a três anos para a instalação de um telefone. Uma linha fixa figurava entre os bens patrimoniais declarados no Imposto de Renda. Em 1997, para conseguir um número de telefone no Brasil, era necessário cadastrar-se na telefônica local e depositar uma quantia corresponde a R$ 1.000 em valores de hoje. O dinheiro era mais tarde restituído em ações da Telebrás.

Os gargalos no sistema alimentavam um portentoso mercado paralelo de venda e aluguel de linhas, que ocupava duas ou três páginas diárias nos anúncios classificados dos jornais. Quem se dispusesse a pagar entre R$ 1,5 mil e R$ 3,2 mil poderia encurtar o caminho. Um celular custava em torno de US$ 4 mil e a espera chegava a três anos. Os nomes inscritos eram sorteados pela operadora. Com o sistema antigo, banda larga e internet ainda seriam exotismos estrangeiros.

Em 1997, havia 17 milhões de linhas fixas no Brasil. Hoje são mais de 43,5 milhões. Os telefones celulares, que chegaram na década de 70 mas só começaram a multiplicar-se 20 anos depois, saltaram dos 4,5 milhões de 1997 para os atuais 173,9 milhões. Como toda mudança de grande porte, o processo de privatização foi inevitavelmente afetado por equívocos e falhas. Mas o saldo é extraordinariamente positivo. Em poucos anos, o Brasil saiu da idade da pedra para ingressar na era moderna.

Prisioneiro do passado, o PT continua incluindo a privatização da telefonia entre os pecados mortais de FHC. Se isso não fosse apenas uma bobagem, o pecado original teria sido cometido por Antônio Palocci. É por isso que a primeira privatização a companheirada faz de conta que esqueceu.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/o-pais-quer-saber/a-primeira-privatizacao-todo-companheiro-prefere-esquecer/


Presidentes que o país teve desde 1994 respeitaram as conquistas do Real

Luciano Pires

Publicação: 02/07/2009 08:31 Atualização: 02/07/2009 10:32

Contrariando a tradição brasileira, a alternância de poder fez bem ao Plano Real. Os três presidentes da República que passaram pelo Palácio do Planalto desde o lançamento da nova moeda imprimiram seus próprios ritmos, estabeleceram marcos e inovaram. Tudo sem comprometer as linhas originais do maior programa de estabilização econômica já implantado no país. Nos últimos 15 anos, ideologias e bandeiras cederam espaço a uma inédita combinação de continuidade com pragmatismo.
Itamar Franco, o primeiro dos presidentes do Real, ousou ao apostar em um projeto gestado essencialmente por técnicos e ao nomear auxiliares sem pedigree político. Com a inflação sob controle, criou-se o clima de confiança necessário para encorajar o mercado e as empresas e as instituições democráticas a se reorganizarem. "A alta de preços sempre foi endêmica. Havia uma enorme incerteza porque todos os outros projetos tentaram fazer a mesma coisa, mas fracassaram. A grande virtude do Itamar foi ter escolhido as pessoas certas", explica o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília (UnB).

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O sucessor de Franco, Fernando Henrique Cardoso, tomou posse com a difícil missão de manter as conquistas do antecessor. Considerado um dos maestros do Real, FHC inaugurou durante seu primeiro mandato (1995-1998) a fase monetarista do plano, dando prosseguimento à venda de grandes companhias estatais iniciada na era Fernando Collor, estimulando a reforma da burocracia pública federal e tentando ampliar o espectro do projeto colocado em prática no início da década.

Com o Estado mais enxuto, FHC marcou seu segundo período (1999-2002) como o presidente que se especializou em conduzir o país em meio a crises econômicas internacionais (Rússia, México e Asiática). Além disso, concentrou forças na reforma do Estado, estabeleceu políticas agressivas de contenção dos gastos públicos, criou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e o sistema de metas de inflação. No campo macroeconômico, o fim da paridade entre o dólar e a moeda nacional impôs dificuldades que nem mesmo os "pais do Real" poderiam prever. Apesar das turbulências, o plano manteve-se de pé, até a chegada do PT e de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006).

Ao contrário do que sempre pregou, Lula não só manteve a espinha dorsal da política econômica do governo anterior como aprofundou muitos dos conceitos fiscais e monetários preconizados por FHC e seus discípulos. Aumento de juros, maior economia para o pagamento da dívida e tentativas de reformas estruturais imprimiram no petista a marca de um gestor responsável e preocupado com o futuro do país. "Isso provou que o conceito de estabilidade é suprapartidário", completa Nogueira.

Na segunda fase como presidente (2007), Lula surfou em seu próprio prestigio e também na onda de prosperidade que varreu o mundo. Resultado: o Brasil virou credor externo, acumulou divisas, aumentou o número de parceiros comerciais, baixou os juros, distribuiu melhor a renda. Nem o recente estouro da bolha imobiliária americana, foi capaz de arranhar o Real. A inflação continuou sob rédeas curtas, o que garantiu um belo escudo ao Brasil em meio ao colapso dos mercados.

Desafios

Para o historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a tarefa agora é descobrir como estimular o país a crescer sem ferir os mandamentos do Plano Real. "Acho que esse desafio vai se colocar claramente nas eleições presidenciais de 2010, ou seja, como conciliar estabilização e desenvolvimento com um projeto nacional", justifica. Segundo Villa, o país não só aprendeu a valorizar os avanços alcançados com o plano de 1994, como não abre mão de novas conquistas.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/07/02/economia,i=123152/PRESIDENTES+QUE+O+PAIS+TEVE+DESDE+1994+RESPEITARAM+AS+CONQUISTAS+DO+REAL.shtml

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